Momo, o rei do Miojo
janeiro 8, 2007
Até ontem, acredito que pouca gente sabia quem foi Momofuku Ando. Eu também não. Ele se foi, aos 96 anos, deixando um legado que muitos conhecem: o macarrão instantâneo, nosso querido Miojo.
A história do instant ramen, que aqui virou ‘lámen’, começa logo após a segunda guerra mundial, conta uma reportagem do Japan Times.
Ao ver as imensas filas de pessoas famintas a espera do escasso ‘ramen’ fresco, feito na hora, Ando resolveu correr atrás de um ideal. Para ele, a paz chegaria ao mundo quando as pessoas tivessem o que comer. E ainda por cima em três minutos!
(Foto: Japan Times / Kyodo Photo)
Em 1948, ele criou a Nissin Food Products e inventou o primeiro ‘macarrão instantâneo sabor galinha’ em 1958. A trajetória do macarrão virou tema de museu no Japão, o Momofuku Ando Instant Ramen Museum.
Quase 50 anos depois, o Miojo, com seus mais diversos sabores genuinamente artificiais – da galinha caipira ao camarão, da picanha ao caldo de feijão – ainda é uma causa nobre.
Com a dica do Mário Nagano, achei uma associação da indústria do lamen, a International Ramen Manufacturers Association (IRMA). Além de incentivar o consumo de bilhões de lamens no mundo todo, a IRMA envia remessas de Miojo a refugiados de guerra, comunidades carentes e vítimas de desastres naturais. Isso incluiu vítimas do Tsunami, do furacão Katrina e do terremoto no Paquistão.
O Miojo também salvou a vida de muitos estudantes, solteiros e baladeiros em geral. Juntando a fome [a preguiça e a falta de grana] com a vontade de comer, o Brasil é o décimo maior consumidor de Miojo do mundo.
Segundo a IRMA, em 2005, comemos mais de 1,2 bilhão de pacotes de lamen. Em primeiro lugar, é claro, estão os chineses. Eles são muitos e o macarrão é deles… de muitos deles. Consumiram mais de 44 bilhões de Miojos em 2005.
E logo depois do Brasil vem o México, onde o Miojo chegou a ser item da cesta básica. O lamen até que foi bem adaptado à culinária local. Os muchachos comem o macarrão com aquela salsa tradicional de tomate, cebola e coentro. Ai ai ai!
Desde criança, adoro Miojo. Quando minha avó, cozinheira de mão cheia, vinha me visitar, a primeira coisa que eu pedia era um Miojo – a segunda era sopa de feijão e a terceira era bolinho de chuva.
Hoje, não faço isso. Hoje também não como mais Miojo com caldo e de colher. E, obviamente, aproveito melhor os dotes culinários da Vó Eline.
Aqui em casa sempre tem um Miojo no armário… para emergências. Depois de prepará-lo das mais diversas formas, muitas delas bem equivocadas e rapidamente ingeridas, gosto mesmo é do tradicional: tirar o caldo quando estiver al dente e boa. Outra opção é colocar um pouquinho de manteiga e cebolinha fresca. Delícia.
Outro dia, prepararam para mim o lamen al dente, no azeite, com alho, cebola, fatias de linguiça e cebolinha. Estava ótimo. Momofuku ficaria orgulhoso. “Jamais menospreze o potencial do Miojo”, diria o rei do lamen.
O site da Nissin no Brasil dá algumas idéias para incrementar o Miojo como o “Nissin Lámen Basílico”. Não deixe de ver as receitas enviadas pelos usuários. Nomes como “Miojo do Amor”, “Macarrãozinho Alucinante” e “Nissin do Fundo do Quintal” já valem a visita. Tem também a “Lasanha de Miojo”. Vai encarar?
abril 1, 2007 at 10:39 pm
Comentários feitos no toast original do Brauncafe.zip.net:
[fran]
nunca vi tamanha comoção. como o povo gosta de miojo, hein? tá certo que em situações extremas a criação do momo foi boa. aliás, melhor ainda foi ele ter criado o cup noodles!
28/01/2007 19:37
[ronas]
yummy yummy, sabe-me bem este blogue, foi pro menu da cacolândia…. beijos
14/01/2007 17:55
[Cecília]
Em memória do Sr. Miojo, gostaria de pedir 3 minutos de silêncio.
12/01/2007 19:10
[Liliane Pelegrini] [liliane.pelegrini@gmail.com]
Ei, tudo bom??? Sou jornalista – trabalho no jornal O TEMPO, de Belo Horizonte – e estou fazendo uma matéria sobre o miojo. Gostei muito do seu post e queria conversar um pouco com você. Será que podemos nos falar hoje??????? Se quiser, me manda um email com um telefone de contato??? Te ligo do jornal.
12/01/2007 10:46
[PH]
Vai ter boa idéia assim lá na Momofukulândia. Um terço e uma Ave Maria pro seu Momofuku! Miojão com molho de salsicha, azeitona e milho é tudo de bom.
09/01/2007 11:10
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abril 26, 2007 at 2:13 pm
Nuuuuussssaa… quanta informação sobre o miojo! E o fenômeno desse macarrão está em um dos sites de maior acesso no Brasil: no orkut, existe a comunidade “viva o miojo cru”. Mais uma receita que não leva nem 3 minutos!
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março 1, 2008 at 12:13 pm
[…] por Momofuku Ando em 1958, o macarrão instantâneo Miojo Lámen completa neste ano meio século de existência e, […]
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março 1, 2008 at 7:11 pm
[…] por Momofuku Ando em 1958, o macarrão instantâneo Miojo Lámen completa neste ano meio século de existência e, […]
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julho 29, 2008 at 5:02 pm
[…] Se estiver no supermercado e encontrar um “Lámen clássico sabor galinha” com visual bem antigo, não se assuste, você não foi teletransportado. É uma embalagem comemorativa dos 50 anos do primeiro lámen da Nissin, popularmente conhecido como Miojo, criado por Momofuko Ando, em 1948. […]
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março 11, 2009 at 9:34 am
[…] agosto, os japoneses celebram os 50 anos de uma feliz idéia: criado por Momofuku Ando, o macarrão instantâneo é a invenção japonesa mais importante do século 20. Em sua homenagem, […]
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fevereiro 4, 2010 at 9:07 am
[…] A Daniela Braun fala um pouquinho sobre miojo, nesse post. […]
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fevereiro 8, 2010 at 10:20 am
E aí Leandro, tudo bem? Obrigada pelo ping. E falando em macarrão instantâneo, tentei provar uma versão ‘natureba’, o Caseiritos, da marca Mãe Terra e não rolou. Lámen é lámen. Bjs e boa semana! Dani
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outubro 21, 2017 at 4:14 pm
[…] como já disse a nossa colega Dani Braun em seu blog Braun Cafe “O Miojo também salvou a vida de muitos estudantes, solteiros e baladeiros em geral. […]
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