O bobo e o cordeiro
fevereiro 9, 2008
Por Ronaldo Miranda*
Em São Paulo – e talvez em outros lugares do Brasil – é comum que um restaurante [bar, discoteca, padaria] abra caprichando na cozinha, fazendo um baita sucesso, e depois fique “sob nova direção”, desgovernando tudo. Quantas vezes você ouviu essa história? Mas a vida é cíclica, e nem todas as histórias de amor terminal mal, como na canção dos Les Rita Mitsouko. Quer conhecer outra história?
O Café Gardênia abriu como um restaurante esperto, com pratos variados e nem tão caro assim. O espaço era bacana, com direto uma mesa de centro e sofás, onde apreciadores de charutos afrouxavam a gravata para o happy hour com conhaque. A localização, perfeita, ao lado da Fnac Pinheiros, ideal para um café folheando as novas aquisições.

Mas um dia de repente, o que era flor murchou, e os charutos, nem sinal de fumaça. As mesas ficaram vazias, e o preço, por incrível que pareça, subiu. Incompreensível.O tempo passou e num feriado desses em que tudo está fechado, acabei indo parar no Café Gardênia para almoçar.
A primeira diferença é que estava cheio de gente, como nos velhos tempos. Imaginei que fosse por causa do feriado, mas como havia mesa livre e a fome apertava, ali fiquei.

O cardápio aparentemente era do mesmo tipo, com a chamada cozinha internacional de lugares frufru, tipo risotto de rúcula com lingüiça, essas coisas, mas havia um grande destaque para os pratos com cordeiro, e acompanhando o movimento dos garçons percebi que o lance era pedir a paleta do mesmo; não do garçon, óbvio, mas a Paleta de Cordeiro.
Para não parecer um carnívoro radical, pedi uma salada Parma, com rúcula, presunto [tá bem, um carnívoro radical], parmesão e peras secas. As fotos dizem tudo.

Vale ressaltar que a pedida acima dá pra três pessoas, o que se resume a uns 25 reais per capita. Sem a bebida e o serviço, claro. Mas considerando que a carne é ótima, a salada fresquinha e, afinal, estamos em São Paulo, é até razoável.
É isso, minha gente, corra ao Gardênia antes que mudem de direção novamente.
Café Gardênia – Praça do Omaguás, 110, Pinheiros – São Paulo. Tel: (11) 3815-9247
PS: Outra pedida, já que voltei lá outras vezes depois da paleta de cordeiro, é o Gravlax, um sanduíche escandinavo feito com salmão marinado em molho de mostarda no pão preto.
*Ronaldo Miranda é designer, bom garfo e autor das tiradas do Blog do Ronaldo. Não perca seu ó toatst “Terra à vista” sobre os pratos portugueses da Padaria Aracajú.
fevereiro 9, 2008 at 6:21 pm
Penso, em função de alguns casos, que isto normal,mente acontece quando o “dono” não é da área de gastronomia.
Neste caso, a casa é apenas um meio de ganhar dinheiro rápido.
Para se ter uma boa casa é necessário, acima de tudo bons profissionais (com formação técnica adequada seria excelente), equipamentos adequados e tempo para que os clientes pudessem “assimilar” o processo. Muitas vezes um novo cardápio leva tempo para “decolar” e ser compreendido.
E, uma outra coisa importante: preço justo: para o dono e para o cliente.
Como qualquer tipo de negócio, só é bom quando é bom para “ambas as partes” (parodiando aquele menino da tv…).
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fevereiro 16, 2008 at 9:07 pm
Pratos lindos! Valeu a dica. Abraços.
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fevereiro 24, 2008 at 6:08 pm
Cadê você?
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