Eu quero Mocotó…

outubro 16, 2011

Trio Mocotó: chips de mandioquinha, torresmo crocante e cerveja na espera

O Mocotó Restaurante e Cachaçaria, especializado na culinária nordestina, é um dos patrimônios gastronômicos de São Paulo. Basta observar a multidão que se forma na calçada, em frente à casa da Rua Nossa Senhora do Loreto, na Vila Medeiros, às 12h10 – o bar abre ao meio-dia – para perceber que o negócio é sério.

Já conhecia a fama do local aberto de 1973, e da fila formada por pessoas de todos os cantos da cidade atrás dos quitutes reinventados pelo simpático chef Rodrigo Oliveira. O filho do querido senhor José Oliveira de Almeida, o ‘Seu Zé Almeida’ com quem tive a honra de tomar uma cervejinha antes de ir embora, fez um excelente trabalho.

Imperdíveis dadinhos de tapioca com molho agridoce e 'caipiroska'

Cheguei ao Motocó no dia 12 de outubro após uma longa jornada, que começou dois anos antes, com um convite da querida Jô Elias. Conversa vai, correria vem e, finalmente, a Jô puxou o bonde.

A busca pelo santo Mocotó, no entanto, é uma missão para botequeiros de coração puro. Saímos às 11h da Zona Sul, munidos de GPS, e chegamos dez minutos após a abertura do local para garantir uma távola, que só chegou duas horas depois.

Mix de limões (siciliano, tahiti e caipira) com cachaça

A espera faz parte da programação. Aproveite para bebericar deliciosas caipirinhas como as de jabuticaba, frutas vermelhas ou mix de limões, cervejas de garrafa, sucos naturais como o de caju ou abrir o apetite com a carta de cachaças especiais.

Para iniciar os trabalhos, recomendo os deliciosos dadinhos de tapioca com queijo, acompanhados de molho agridoce,   torresminhos crocantes e chips de mandioquinha. Peça também a saborosa cumbuquinha carne de panela , acompanhada de pão francês, e o petisco de Torresmo, que derrete na boca.

Saborosa porção de carne de panela acompanhada de pão francês

As porções são ótimas, mas guarde espaço para os pratos principais. Entre as iguarias da casa estão a Carne de sol na chapa com pimenta biquinho, Baião de Dois e Mocofava (favas cozidas no caldo de mocotó). Pratos como o baião e a mocofava têm porções de ‘mini’ a ‘grande’, de acordo com o número de pessoas e o tamanho da fome.

Destaque para a suculenta Costelinha de Porco à moda, servida aos sábados. A costelinha de porco é desossada, recheada com pernil e servida com abacaxi dourado na manteiga, mandioca cozida e molho de mel de engenho. Sensacional.

Carne de sol na chapa com pimenta biquinho

Dificilmente você vai escapar das sobremesas. Prepare-se para escolher entre a mousse de chocolate com cachaça, o crème brûlée de doce de leite e sementes de umburana (fruta da caatinga) e o famoso pudim de tapioca. A vantagem de ir em uma turma de dez amigos é poder experimentar as três.  Que felicidade.

Dizem que o Mocotó já foi mais barato, mas acheo o preço justo. Após três horas petiscando, bebericando e comendo do bom e do melhor, a conta saiu R$ 76 por cabeça.

Seu Zé
Provei os doces meio na pressa pois o “Seu Zé Almeida” me convidou para “tomar uma” na padaria ao lado do Mocotó, que estava mais tranquila. Bebericando uma pequena dose do digestivo Undemberg e fumando seu cigarrinho, Seu Zé me ofereceu uma Original e mostrou o açougue na esquina, quase em frente ao bar, onde tudo começou. “Hoje tenho 54 funcionários. Todos registrados”, frisou.

Mousse de chocolate com cachaça entre as doces tentações

O proprietário do Mocotó se preocupa com os clientes que desistem de ir ao bar quando se deparam com a fila na calçada e contou que vai abrir o terceiro andar da casa, no terraço, em breve.  A fama do Mocotó já lhe rendeu convites para a abertura de filiais na Zona Sul, mas Seu Zé, que mora há menos de um quarteirão do bar, não arreda o pé da Vila Medeiros. Olhei a fila na porta, às 15h30 da tarde, e disse “Pode ficar tranquilo Seu José. As pessoas não arredam o pé do seu bar”.

Crème Brûllée de doce de leite com sementes de umburana e pudim de tapioca

Prato da Boa Lembrança: No meio do almoço descobri que o Mocotó é um dos 11 restaurantes de São Paulo que integram a Associação dos Restaurantes da Boa Lembrança. A notícia é boa, mas já era gula demais pedir o prato para minha coleção. Como dizem os pernambucanos, “Pronto”. Está aí mais uma ótima razão para voltar rapidinho ao Mocotó.

Mocotó – Restaurante e Cachaçaria
Av Nossa Senhora do Loreto, 1100 – Vila Medeiros – São Paulo – SP.
Tel.: (11) 2951-3056

Horários: Segunda a sábado das 12h às 23h. Domingos e feriados das 12h às 17h
Para chegar de carro ou transporte coletivo: http://www.mocoto.com.br/contato.html 

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Caldinho de feijoada com fio de azeite em xícara de porcelana. Pimenta da casa vai bem

Atualização (20/08/2011): O Azulejo Pernambucano fechou na Al. Franca há alguns meses e reabriu no Lounge e Bistrô Estação Caneca (Rua Frei Caneca, 384 – Consolação). Dica do Marcelo Katsuki.

O Azulejo Pernambucano é um bom exemplo de que é possível servir boa comida, com estilo, a um preço acessível, na cada vez mais cara capital da gastronomia. Aberto há cerca de sete meses no bairro paulistano dos Jardins, o pequeno e charmoso restaurante oferece um menu degustação com entrada, três pratos, suco e buffet de sobremesa por R$ 35 – nada mais, nada menos.

Azulejo Pernambucano: Brunch nordestino (R$ 35 com suco e sobremesas à vontade)

O segredo vem da experiência do simpático e caprichoso chef André Palma, que fez carreira na área de eventos em Recife e agradou paulistanos com sua culinária regional. Atendendo a pedidos, ele aposta em um “bistrô pernambucano”, localizado em um charmoso espaço no andar superior de uma academia de yoga, na Alameda Franca.

O esquema de buffet é reproduzido na pequena cozinha do restaurante. Como os pratos são fixos, o chef já tem tudo preparado para esquentar e servir aos clientes, pessoalmente e com muito apreço.

Suave suco de graviola e castanhas de caju

Antes de descrever a experiência, quero destacar que o crédito da descoberta vai para a querida Cris Sato, que conheci graças ao Braun Café. Há cerca de duas semanas fomos conhecer juntas este lugar especial, em um almoço delicioso temperado com um bom bate-papo sobre comidinhas do mundo.

Menu degustação começa com picadinho de carne e farofa de cuscuz

Enquanto esperávamos ansiosas pela degustação, beliscando algumas castanhas de caju, escolhemos o suave e refrescante suco de graviola natural, que acompanhou nossa refeição. O cardápio oferece suas opções de suco à vontade, mas depois de provar o de graviola nenhuma das duas quis trocar a próxima taça pelo sabor maracujá.

Segunda delícia: macaxeira cozida e carne seca acebolada

Logo na entrada, além da decoração charmosa, o chef mostra seu capricho. O cremoso caldinho de feijoada com um fio de azeite veio servido em uma linda xícara de louça antiga. Duas gotinhas da pimenta vermelha da casa e o sabor de aventura ficou perfeito.

Arrumadinho para comer desarrumado: carne de sol picadinha, feijão de corda, vinagrete e farinha

A sequencia de degustação vem servida em pratos pequenos, como de sobremesa. Pode parecer pouco, no começo, mas vale lembrar que são três pratos diferentes. Além disso, você precisa reservar espaço para as sobremesas, que são muitas e muito boas.

André Palma, o chef: experiência em eventos, capricho e uma ótima ideia

O cardápio é sempre modificado, mas naquele sábado a sequencia de pratinhos começou com um gostoso picadinho de carne com legumes sobre farofinha amarela. Em seguida veio o meu favorito: macaxeira cozida com manteiga de garrafa e carne seca acebolada no ponto certo. E o terceiro prato foi o Arrumadinho (feijão de corda, carne de sol em cubinhos, farinha de mandioca e vinagrete). Seguindo a recomendação do chef, provamos tudo ‘desarrumadinho’ mesmo.

Bolo de rolo com toque de goiabada mole, macaxeira e delícia de abacaxi

E aí? Reservou espaço para ler a sobremesa? Então prepare-se para fazer pelo menos duas viagens à vasta mesa de doces regionais. Logo avistei o clássico bolo de rolo, impecável e cortado bem fininho pelo chef.

A fatia do clássico bolo pernambucano com goiabada era tão fininha que peguei duas sem perceber em eu primeiro pratinho, com um pouco de goiabada mole por cima, um pedacinho do bolo molhadinho de macaxeira e a delícia de abacaxi, cujo nome não precisa de modéstia – o creme de abacaxi em pedaços, uvas passas e doce de leite é delicioso mesmo.

Bolo de rolo, macaxeira, compotas, pudim de café e muito mais no buffet de sobremesas

“Mais geleia? – Mais geleia”, ja diria Picolino. Então fiz mais um pratinho com bolo, compota de banana e um pedaço do sensacional pudim de café. Adoro pudim, adoro café e estava realmente muito bom.

Suspiros no final e um café fresquinho coado na hora finalizaram o almoço perfeito. A xícara e o açucareiro mimosos, no pique de ‘casa da vó’, foram escolhidos a dedo pelo chef em feiras de antiguidades como a do Bixiga.

Café coado na hora e louças de antiquários

Para quem se inspirou e quer conhecer o Azulejo Pernambucano, o local também serve almoço executivo, com entrada, salada e um prato principal, e jantar na mesma faixa de preço do brunch dos sábados.

O Azulejo não faz reservas. O negócio é ligar antes para checar os horários e chegar cedo ou esperar um bocadinho porque o local tem poucas mesas. Marquei com a Cris às 13h15 e encontramos mesa para dois. Outra dica é ir em até quatro pessoas para se acomodar melhor.

Mesinhas no corredor de entrada do pequeno bistrô

Seguindo o esquema ‘minimalista’, a carta de bebidas se resume, por enquanto, aos vinhos Rio Sol (produzidos no Vale do São Francisco), mas acho que o chef vai acabar aumentando a pequena adega climatizada e o empreendimento, que tem de tudo para ganhar muitos azulejos.

Azulejo Pernambucano Lounge e Bistrô Estação Caneca
Rua Frei Caneca, 384 – Consolação
Tel.: (11) 2371-5744

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