O lamen da vez
novembro 29, 2019

Quando uma frente fria aparecer por aí saiba que sempre tem um lamen quentinho para te abraçar. Meu lamen da vez é o Hidden by 2nd Floor, em Moema. O “hidden” porque lugar é meio escondido no movimento da Alameda dos Nhambiquaras e o “2nd floor” vem do endereço original, no segundo andar de uma casa na Vila Mariana.

Vale chegar cedo porque as seis mesas do salão são concorridas. Minha dica de jantar perfeito é começar com um bun, o sanduba de pãozinho feito no vapor, recheado de barriga de porco e kimchi, acompanhado da levíssima pielsen japonesa Orion (R$ 15) ou de uma Estrella Galicia (R$ 15). Outra opção mais leve de entrada é a Nasu Dengaku, uma saborosa berinjela grelhada com molho shoyu (R$ 21). A apresentação é belíssima.

Nessa etapa vale dar um tempinho na cerveja porque os pratos de lamen são grandes. Meu favorito é o lamen da casa, o Ramen 2nd floor, que leva barriga de porco e um ovo pochê bem molinho. O cardápio tem outras opções como o missô lamen com alho negro e o Korean Ramen (R$ 50) que é bem picante. Todos são ótimos, mas ainda fico com a receita da casa.

O cardápio inclui pratos de donburi, karê (curry japonês) e até o clássico teishoku com sushi e sashimi, mas acho difícil escapar do lamen – os preços variam entre R$ 42 e R$ 50 e vale o investimento.
Se até aqui você pegou leve na cerveja e na entrada, recomendo que não pule a sobremesa. As opções são o cookie macio de chá verde que vem quentinho à mesa e o choux cream, uma bomba de creme = explosão de alegria. Na dúvida, peça um de cada e sua visita ao Hidden 2nd floor será perfeita. Depois é só ir pra casa feliz e quentinho.
Hidden 2nd floor
Alameda dos Nhambiquaras, – Moema
Terça a Sábado das 19h às 22h. Quinta e sexta abre também das 12h às 14h. Sábado das 12h às 14h30 e Domingo das 12h às 15h.
Insta: https://www.instagram.com/hiddenby2ndfloor/
Yakitori: celebração da culinária japonesa
novembro 17, 2010
A cultura gastronômica japonesa é tão vasta e saborosa, que me afasto cada vez mais dos rodízios e me surpreendo com as especialidades. Há algumas semanas, a querida Celi, amiga dos bons tempos do rock e leitora deste blog, me apresentou o Yakitori, restaurante japonês em Moema especializado em robatas e em uma infinidade de iguarias quentes, além dos sushis e sashimis. A qualidade, os temperos e a simpatia no atendimento atraem uma clientela fiel capaz de lotar o restaurante no meio de um feriadão prolongado.
O nome Yakitori (yaki = grelhado; tori = frango) faz referência ao tradicional espetinho de frango à moda japonesa, explicou o chef Takaaki Yasumoto, que coloca em prática anos de experiência no Japão e no Canadá, além do aprendizado de berço. Sua mãe, Shizuko Yasumoto, é uma das mestres da culinária japonesa no país. Veja a versão em PDF de um dos livros de receitas da senhora Shizuko: “Cozinha Regional Japonesa”.
Com todo esse background, o Taka, como é chamado pelos amigos, já inventou até um molho de salada à base de shoyu, que é comercializado em supermercados como o Pão de Açúcar. O Wafu Dressing é o responsável por educar o paladar do Guilherme, filho da Celi e do Pedro, para saladas. O pequeno e simpático gormet já sabe o que pedir e não deixa sobras no prato. Ele aprendeu a apreciar a comida japonesa desde pequeno, já que o pai é amigo de infância do Taka e o restaurante é ponto de encontro da turma.
E foi nesse clima familiar e descontraído do Yakitori, que participei de um verdadeiro banquete entre amigos. Pedi uma cerveja Kirin Ichiban para celebrar e deixei a turma escolher por mim. A única coisa que pedi para provar foi um oden.
O oden é um prato japonês feito com legumes (cará, batatas), ovos, algas, tofu etc. cozidos em um caldo leve, a base de shoyu e peixe.
No restaurante é possível pedir os itens individualmente (de R$ 3,50 a R$ 5,90 cada) ou o oden completo (R$ 36,90) . Escolhi uma trouchinha feita com massa de tofu, recheada de cogumelos e legumes, que é servida com um pouco do caldo e mostarda com raiz forte.
Na minha santa ingenuidade [Batman], mandei ver na pasta amarelinha. Fiquei ‘emocionada’, chorando o ardor do tempero, o que foi engraçado no fim das contas.
O banquete começou com uma saladinha de alface, cenoura ralada e kani, com o molho especial do Taka. Naquele momento entendi porque o Gui gosta tanto de salada. Na sequência, acelgas cozidas em um tempero picante e muito saboroso chegaram para acompanhar os grelhados.
Entre os pedidos da mesa estava uma interessante cumbuca de arroz japonês coberta de carne de frango moída e um ovo cru, que deve ser misturado na comida. Provei um pouquinho do lamen com carne fatiada e caldo bem suave. Destaque para o chawan mushi – espécie de pudim quente de ovos e cogumelos cozidos ao vapor – muito bem temperado, quentinho e reconfortante.
Entre os variados espetinhos, os preços das variedade de carnes de frango vão de R$ 3,95 a R$ 4,50 a unidade. Os espetos de legumes variam de R$ 3,60 (quiabo) a R$ 5,90 (aspargos com bacon) e o de ostras grelhadas sai por R$ 18,60. Gostei muito das robatas de ovos de codorna, tomate cerveja enrolado em bacon (criativo e delicioso), quiabo (vale lembrar que, há uns quatro anos, eu não comida quiabo nem com o melhor molho do mundo), frango e o campeão: aspargos com tirinhas de bacon.
Experimentei um pedacinho do espetinho de fígado de frango, mas o sabor forte não me agradou muito (essa é a única carne que só como bem passada mesmo). Já as tirinhas bem finas de língua de boi grelhada estavam perfeitas (adorei a ideia).
Para finalizar, uma surpresa gostosa: berinjela grelhada com raspas de peixe, que dançam ao calor da comida. Acredito que o chef, como um bom observador, fez uma referência a um comentário que fiz sobre o Okonomiyaki, a ‘pizza japonesa’ salpicada de raspas de peixe servida no Izakaya Issa.
“O molho eterno”
Em uma casa tradicional de ‘yakitori’, a tradição japonesa pede que os espetinhos sejam temperados em um molho a base de shoyu e saquê – a proporção, segundo o Taka, é secreta. Este molho, no entanto, não deve ser jogado fora, mas sim cuidadosamente fervido, coado e reciclado na proporção certa por toda a vida do estabelecimento. Há quem prefira o tempero somente com sal e ponto, mas o ‘molho eterno’ é o segredo do negócio.
Pelo tamanho deste post, você pode imaginar o quanto comi e o quão recomendável é o Yakitori. Serei eternamente grata à Celi por acompanhar o Braun Café e me apresentar esta deliciosa celebração da culinária japonesa.
Yakitori – Av. das Carinás, 93 – Moema, São Paulo (SP). Tel.: (11) 5044-7809